UEL 2018: Com base no texto e considerando o papel da cidade-estado (pólis) no pensamento ético-político

UEL 2018: Leia o texto a seguir. Alguns julgam que a grandeza de uma cidade depende do número dos seus habitantes, quando o que importa é ...

UEL 2018: Leia o texto a seguir.

Alguns julgam que a grandeza de uma cidade depende do número dos seus habitantes, quando o que importa é prestar atenção à capacidade, mais do que ao número de habitantes, visto que uma cidade tem uma obra a realizar. [. . . ] A cidade melhor é, necessariamente, aquela em que existe uma quantidade de população suficiente para viver bem numa comunidade política. [...] resulta evidente, pois, que o limite populacional perfeito é aquele que não excede a quantidade necessária de indivíduos para realizar uma vida auto-suficiente comum a todos. Fica, assim, determinada a questão relativa à grandeza da cidade.

(ARISTÓTELES, Política 1326b6-25 Edição bilíngue. Tradução e notas

de António C. Amaral e Carlos C. Gomes. Lisboa: Vega, 1998. p. 495-

499.)

Com base no texto e considerando o papel da cidade-estado (pólis) no pensamento ético-político de Aristóteles, assinale a alternativa correta.

a) As dimensões da pólis determinam a qualidade de seu governo: quanto mais cidadãos, maior e melhor será a sua participação política.

b) A pólis não é natural, por isso é importante organizá-la bem em tamanho e quantidade de cidadãos para que a sociedade seja autossuficiente.

c) O ser humano, por ser autossuficiente, pode prescindir da pólis, pois o bem viver depende mais do indivíduo que da sociedade.

d) A pólis realiza a própria obra quando possui um número suficiente de cidadãos que possibilite o bem viver.

e) O ser humano, como animal político, tende a realizarse na pólis, mesmo que esta possua quantidade excessiva de cidadãos.

Questão anterior:
- UEL 2018: Leia o texto a seguir.

Conteúdo programático:
1° Eixo temático: problemas éticos e políticos na filosofia

VEJA TODAS AS QUESTÕES DE VESTIBULAR DA UEL 2018

Resolução:
a) Incorreta. Não é a quantidade de cidadãos nem o fato de a cidade ter grande dimensão que determinam a qualidade do governo, pois uma pólis boa, para Aristóteles, teria dimensão e número não excessivos de cidadãos. O que determinava a participação dos cidadãos e a qualidade desta era sua formação e não o fato de serem muitos.

b) Incorreta. A pólis é uma instituição fundada sobre a natureza humana, pois os seres humanos são naturalmente sociais, unindo-se inicialmente em famílias e posteriormente em aldeias, que, por sua vez, compõem a cidade, e esta permite a realização da finalidade última do ser humano, o bem viver ou felicidade (eudaimonia), buscada pela inteligência e vontade de seus cidadãos.

c) Incorreta. O ser humano apenas se realiza, ou seja, se torna autossuficiente, dentro da pólis, pois ela proporciona o bem viver e a realização humana, já que o homem é, para Aristóteles, um “animal político”, que, por natureza, tende a viver e alcançar o bem último em sociedade.

d) Correta. Um número não excessivo de cidadãos proporciona ao governo conhecer os possíveis problemas na cidade e solucioná-los, além de uma boa formação para a cidadania e, consequentemente, uma vida digna de seres sociais. Uma pólis populosa faria perder as dimensões dos problemas e dificultaria a qualidade da formação dos cidadãos.

e) Incorreta. Apesar de o ser humano apenas se realizar na pólis, para Aristóteles, uma quantidade excessiva de cidadãos seria danosa para a qualidade do governo, pois se perderia a noção do todo e dos problemas que poderiam ser sanados pelo governo, além de dificultar a boa formação da população.

Resposta:
d) A pólis realiza a própria obra quando possui um número suficiente de cidadãos que possibilite o bem viver.

Próxima questão:
- UEL 2018: Com base na figura e nos conhecimentos sobre arte paleolítica, assinale a alternativa correta.