Texto 1 BOOM MACHADIANO? Críticos estrangeiros apontam Machado como autor livre de clichês latino-americanos e distante da exuberância tr...
Texto 1
BOOM MACHADIANO?
Críticos estrangeiros apontam Machado como autor livre de clichês latino-americanos e distante da exuberância tropical e da crítica social.
Ruan de Sousa Gabriel
“Machado de Assis já não pertence apenas à literatura brasileira. Suas obras passaram a interessar a outras culturas, sucedendo-se as traduções em várias línguas”, escreveu o crítico literário Eugenio Gomes no jornal carioca Correio da Manhã em 8 de dezembro de 1951. Gomes enumerou entusiasmado as novas traduções de Machado mundo afora: uma edição alemã de Memórias póstumas de Brás Cubas e “outra deste mesmo romance em castelhano”, e a publicação, nos Estados Unidos, de mais uma tradução, assinada por William L. Grossman. Dedicou boa parte de seu texto a comentários elogiosos (apesar “de alguns lapsos”) às Memórias póstumas de Grossman para indicar o “interesse excepcional que o escritor brasileiro está despertando naquele país”.
Quase 70 anos mais tarde, esse “interesse excepcional” citado por Gomes poderia ser incluído no famoso capítulo “Das negativas”, de Memórias póstumas, que lista o que não aconteceu. Um ensaio de Benjamin Moser, biógrafo de Clarice Lispector, publicado no mês passado na revista americana The New Yorker, perguntava por que Machado ainda era tão pouco lido nos EUA. Além do ensaio de Moser, outros textos sobre Machado apareceram na imprensa americana nas últimas semanas por ocasião da publicação de The collected stories of Machado de Assis, uma reunião de 76 contos traduzidos para o inglês pelos britânicos Margaret Jull Costa e Robin Patterson. A editora W. W. Norton & Company, responsável pela publicação das Collected stories, não divulgou a tiragem do livro, mas informou que os editores “estão muito contentes — mais do que contentes, na verdade — com a recepção do livro nos EUA”.
O aplauso da imprensa americana reavivou o desejo expresso por Gomes nos anos 50: será que agora os estrangeiros acordam para o talento de Machado? “Há poucos dias, vi uma coisa insólita na London Review of Books: um retrato de página inteira de Machado e capas de livros dele, inclusive das Collected stories”, disse o britânico John Gledson, tradutor do estudo Dom Casmurro e autor do estudo Machado de Assis: impostura e realismo. Em agosto, Machado foi eleito o autor do mês pela prestigiosa revista literária britânica. “Trabalho com a obra de Machado desde os anos 80 e ele nunca teve esse tipo de destaque na Inglaterra, onde se publicam traduções dele esporadicamente. A tradutora das Collected stories tem uma ótima reputação, o que me dá esperança de que ela ajude a reputação de Machado em inglês.” (...)
QUESTÃO 02
CEDERJ 2019: Em construções como “Em agosto, Machado foi eleito o autor do mês pela prestigiosa revista literária britânica” (linhas 39-41), o emprego de
(A) forte adjetivação (“prestigiosa revista literária britânica”) permite enfatizar a objetividade da reportagem.
(B) adjunto adverbial (“Em agosto”) no início da oração permite a derivação de sua função para a de sujeito gramatical.
(C) voz passiva (“foi eleito(...)pela prestigiosa revista literária britânica”) permite maior destaque ao fato mencionado e menor a seu agente.
(D) sujeito simples (“o autor do mês”) permite indicar o alvo da ação referida pelo verbo, completando-lhe o sentido.
QUESTÃO ANTERIOR:
- CEDERJ 2019: A pergunta-título “Boom machadiano?” refere-se à seguinte informação da reportagem
GABARITO:
(C) voz passiva (“foi eleito(...)pela prestigiosa revista literária britânica”) permite maior destaque ao fato mencionado e menor a seu agente.
PRÓXIMA QUESTÃO:
- CEDERJ 2019: "O aplauso da imprensa americana reavivou o desejo expresso por Gomes nos anos 50..." (linhas 32-33)
QUESTÃO DISPONÍVEL EM:
- Prova CEDERJ 2019; Questões com Gabarito
BOOM MACHADIANO?
Críticos estrangeiros apontam Machado como autor livre de clichês latino-americanos e distante da exuberância tropical e da crítica social.
Ruan de Sousa Gabriel
“Machado de Assis já não pertence apenas à literatura brasileira. Suas obras passaram a interessar a outras culturas, sucedendo-se as traduções em várias línguas”, escreveu o crítico literário Eugenio Gomes no jornal carioca Correio da Manhã em 8 de dezembro de 1951. Gomes enumerou entusiasmado as novas traduções de Machado mundo afora: uma edição alemã de Memórias póstumas de Brás Cubas e “outra deste mesmo romance em castelhano”, e a publicação, nos Estados Unidos, de mais uma tradução, assinada por William L. Grossman. Dedicou boa parte de seu texto a comentários elogiosos (apesar “de alguns lapsos”) às Memórias póstumas de Grossman para indicar o “interesse excepcional que o escritor brasileiro está despertando naquele país”.
Quase 70 anos mais tarde, esse “interesse excepcional” citado por Gomes poderia ser incluído no famoso capítulo “Das negativas”, de Memórias póstumas, que lista o que não aconteceu. Um ensaio de Benjamin Moser, biógrafo de Clarice Lispector, publicado no mês passado na revista americana The New Yorker, perguntava por que Machado ainda era tão pouco lido nos EUA. Além do ensaio de Moser, outros textos sobre Machado apareceram na imprensa americana nas últimas semanas por ocasião da publicação de The collected stories of Machado de Assis, uma reunião de 76 contos traduzidos para o inglês pelos britânicos Margaret Jull Costa e Robin Patterson. A editora W. W. Norton & Company, responsável pela publicação das Collected stories, não divulgou a tiragem do livro, mas informou que os editores “estão muito contentes — mais do que contentes, na verdade — com a recepção do livro nos EUA”.
O aplauso da imprensa americana reavivou o desejo expresso por Gomes nos anos 50: será que agora os estrangeiros acordam para o talento de Machado? “Há poucos dias, vi uma coisa insólita na London Review of Books: um retrato de página inteira de Machado e capas de livros dele, inclusive das Collected stories”, disse o britânico John Gledson, tradutor do estudo Dom Casmurro e autor do estudo Machado de Assis: impostura e realismo. Em agosto, Machado foi eleito o autor do mês pela prestigiosa revista literária britânica. “Trabalho com a obra de Machado desde os anos 80 e ele nunca teve esse tipo de destaque na Inglaterra, onde se publicam traduções dele esporadicamente. A tradutora das Collected stories tem uma ótima reputação, o que me dá esperança de que ela ajude a reputação de Machado em inglês.” (...)
Texto adaptado. GABRIEL, Ruan de Sousa. Boom machadiano?
Um novo despertar estrangeiro para a obra de Machado. Revista
Época, nº 1054. Editora Globo, 10 set. 2018, p. 78-81.
QUESTÃO 02
CEDERJ 2019: Em construções como “Em agosto, Machado foi eleito o autor do mês pela prestigiosa revista literária britânica” (linhas 39-41), o emprego de
(A) forte adjetivação (“prestigiosa revista literária britânica”) permite enfatizar a objetividade da reportagem.
(B) adjunto adverbial (“Em agosto”) no início da oração permite a derivação de sua função para a de sujeito gramatical.
(C) voz passiva (“foi eleito(...)pela prestigiosa revista literária britânica”) permite maior destaque ao fato mencionado e menor a seu agente.
(D) sujeito simples (“o autor do mês”) permite indicar o alvo da ação referida pelo verbo, completando-lhe o sentido.
QUESTÃO ANTERIOR:
- CEDERJ 2019: A pergunta-título “Boom machadiano?” refere-se à seguinte informação da reportagem
GABARITO:
(C) voz passiva (“foi eleito(...)pela prestigiosa revista literária britânica”) permite maior destaque ao fato mencionado e menor a seu agente.
PRÓXIMA QUESTÃO:
- CEDERJ 2019: "O aplauso da imprensa americana reavivou o desejo expresso por Gomes nos anos 50..." (linhas 32-33)
QUESTÃO DISPONÍVEL EM:
- Prova CEDERJ 2019; Questões com Gabarito
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