Prova Teologia ENADE 2015 com Gabarito
Prova Teologia ENADE 2015 com Gabarito
OBS: as questões de 01 a 08 são de Formação Geral, portanto, cobradas em todas as provas. Para conferir elas, basta acessar essa página.
CONHECIMENTO ESPECÍFICO
QUESTÃO 09
ENADE 2015: A teologia da libertação nos propõe, talvez, não tanto um novo tema para a reflexão quanto uma nova maneira de fazer teologia. A teologia como reflexão crítica da práxis histórica é, assim, uma teologia libertadora, uma teologia da transformação libertadora da história da humanidade e, portanto, libertadora, também, da porção dela — reunida em ecclesia — que confessa abertamente Cristo. Uma teologia que não se limita a pensar o mundo, mas procura situar-se como um momento do processo por meio do qual o mundo é transformado, abrindo-se — no protesto ante a dignidade humana pisoteada, na luta contra a espoliação da imensa maioria da humanidade, no amor que liberta, na construção de nova sociedade, justa e fraterna — ao dom do reino de Deus.
GUTIÉRREZ, G. Teologia da Libertação: Perspectivas. São Paulo:
Loyola, 2000 [trad. 6º ed. 1996] (adaptado).
No texto, o autor propõe que a teologia da libertação seja
A) uma teologia mais vertical, que leve a massa de homens e mulheres massacrados a reatar sua relação com Deus em um processo de libertação.
B) uma nova maneira de fazer teologia, que leve a maioria da população a superar a condição de dependência e aumentar seus recursos materiais e financeiros.
C) uma teologia crítica, que leve em conta o drama espiritual de tantas pessoas ainda presas ao pecado, que será superado por meio da cura e da libertação.
D) um novo modo de fazer teologia na América Latina, que rompa com dogmas e conceitos elaborados em outras épocas e pensados fora do continente latino-americano.
E) uma nova maneira de fazer teologia, que reflita a práxis histórica a partir das multidões excluídas, em vista da construção da nova sociedade, aberta ao dom do reino de Deus.
QUESTÃO 10
ENADE 2015: Não é possível pensar o processo de construção cultural como ausente de encontros conflituosos. O homem, ser dinâmico e mutável, significa e ressignifica a realidade dialeticamente, dando-lhe sentido. Uma consequência gerada pela secularização foi o pluralismo religioso, conforme denominou Berger (1985).
Ou seja, as religiões não possuem mais o monopólio sobre a sociedade e suas esferas; dessa forma, surge o pluralismo, que possibilita às pessoas transitar pelas mais variadas formas de expressão religiosa. Assim, crescem o mercado e a oferta religiosa, o que se pode perceber nitidamente, em nossas cidades, pelo número de igrejas que abrem e fecham todos os dias, na esteira dos novos movimentos religiosos (NMRs).
O processo de secularização não afeta simplesmente o espaço das tradições religiosas, mas também a cultura vigente e, mais, a dimensão subjetiva da pessoa. Os NMRs, extremamente diversos, tornaram-se visíveis a partir da Segunda Guerra Mundial e, como religiosos, oferecem não apenas um posicionamento teológico sobre a existência e sobre as coisas sobrenaturais, mas se propõem a responder, no mínimo, a algumas questões últimas que, tradicionalmente, têm sido endereçadas às grandes religiões.
GUERREIRO, S. Novos Movimentos Religiosos. O quadro brasileiro.
São Paulo: Paulinas, 2006 (adaptado)
A partir do texto, assinale a opção correta.
A) o processo de secularização favoreceu o predomínio das religiões sobre as sociedades.
B) A secularização contribuiu para para o surgimento de novas expressões religiosas.
C) As consequências da secularização uniformizaram as religiões tradicionais.
D) Os NMRs representam uma realidade que atinge uma cultura específica.
E) Os NMRs negam-se a responder questões tradicionais das grandes religiões.
QUESTÃO 11
Guerra Santa
Gilberto Gil
1. Eu até compreendo os salvadores profissionais
sua feira de ilusões
só que o bom barraqueiro que quer vender seu peixe em paz
4 deixa o outro vender limões
Um vende limões, o outro
vende o peixe que quer
7 o nome de Deus pode ser Oxalá
Jeová, Tupã, Jesus, Maomé
Maomé, Jesus, Tupã, Jeová
10 Oxalá e tantos mais
sons diferentes, sim, para sonhos iguais
ENADE 2015: A partir da letra da canção de Gilberto Gil, avalie as afirmações a seguir.
I. Com as metáforas “barraqueiro” (v3) e “limões” (vd), o autor procura situar, respectivamente, religiosos e produtos religiosos, em contexto de pluralidade, tolerância e cidadania.
II. Infere-se do trecho “só que o bom barraqueiro que quer vender seu peixe em paz/deixa o outro vender limões” (v.3-4) que a paz entre as religiões depende da não concorrência econômica pela venda de produtos religiosos.
III. A despeito do autor da canção utilizar nomes de divindades e personagens divinizadas mais conhecidas, a expressão “e tantos mais” (v.10) evidencia a referência a qualquer representação do divino em qualquer religião.
IV. A expressão “sonhos iguais” (v11) traduz a percepção do autor da canção a respeito da equivalência de todas as representações de seres divinos produzidas pelas diversas religiões.
É correto apenas o que se afirma em
A) I e III.
B) II e III.
C) II e IV.
D) I, II e IV.
E) I, III e IV.
QUESTÃO 12
Texto 1
ENADE 2015: No mínimo, existe uma obrigação de tentar colocar juntas as ciências que abordam o ser humano, como à filosofia e a teologia, visando encontrar não só um consenso mínimo que guie nossa compreensão e o processo de tomada de decisão, mas também iluminar o processo de elaboração de normas e diretrizes bioéticas que protejam a vida humana nas fronteiras da tecnociência e do conhecimento humano.
PESSINI, L. Bioética: um grito por dignidade de viver. São Paulo: Paulinas, 2008 (adaptado).
Texto 2
A Bioética defronta-se com um absoluto formal: a dignidade humana. Ela representa uma referência absoluta para as ciências da vida e da saúde. O respeito a esse absoluto expressa o sentido de qualquer ação referente à vida humana e representa o seu critério de verdade e de bem. Portanto, a relação de transcendência faz parte também da Bioética.
JUNGES, 1.R. Bioética: perspectivas e desafios. São Leopoldo: Unisinos, 1995 (adaptado).
Conforme apresentado nos textos, a postura da Bioética diante do absoluto formal, que é a dignidade humana, coloca-a em diálogo com a Teologia. Nesse contexto, a partir de um diálogo interdisciplinar entre tais ciências, assinale a opção correta.
A) A Bioética, assim como a Teologia, visa a valorização da dignidade humana, porém somente a Teologia tem condições de promover a vida no seu sentido pleno, por possuir critérios de verdade mais elevados.
B) A Bioética e a Teologia defendem que a transcendência pode ser entendida como todo movimento de abertura do ser humano para realidades que vão além do empírico e do puramente material.
C) A Teologia, ao ser incluída no diálogo interdisciplinar da Bioética, pode aumentar o impasse e as divergências entre as ciências, pois a postura das religiões é conflitante com as questões bioéticas que não impedem intervenções científicas aplicadas à vida e à saúde.
D) A Bioética deve se submeter à dimensão religiosa, pois somente a experiência religiosa consegue transcender as ações da atual sociedade secular e superar as transgressões dos avanços científicos que ameaçam a dignidade humana.
E) A Teologia privilegia apenas o diálogo inter-religioso, pois ela representa uma compreensão de mundo segundo a qual o sentido da vida se dá por meio da aceitação de um ser transcendente e absoluto, que se opõe ao discurso científico-tecnológico.
QUESTÃO 13
ENADE 2015: Entre ética e religião, pode-se dizer que há uma estreita vizinhança entre os dois domínios, uma vez que a religião, assim como a ética, é intrinsecamente prescritiva, ambas implicando, mais ou menos diretamente, um padrão de valores que uma vida idealmente vivida deve respeitar.
Nos tempos modernos, é inegável a tensão entre ética e religião, pois há casos críticos em que umas e outras convicções podem colidir, como é o caso de discussões acerca do aborto e das uniões homoafetivas, para falar apenas de dois exemplos.
A religião é uma dimensão ilimitável da existência humana, assentada na busca do absoluto e na convicção profunda de que o mundo natural não é e não pode ser tudo o que existe. Para o crente, a compatibilização é fácil e natural, pois não surpreende que a razão e a autonomia humana venham a prescrever princípios que, de uma maneira geral, são compatíveis com as crenças religiosas.
Segundo a consciência laica contemporânea, a aceitação da legitimidade da fundação religiosa das prescrições de conduta e de vida é mais difícil, mas uma consciência laica suficientemente autocrítica deve poder reconhecer que a crença religiosa continua a ser um modo importante de articular e dar sentido à vida humana.
TORRES, !. C. B. Manual de Ética. Questões de ética teórica
“e aplicada. Petrópolis: Vozes, 2014 (adaptado).
De acordo com o exposto no texto,
A) a ética e a religião não podem ser consideradas prescritivas, pois, em geral, ambas implicam um padrão de valores.
B) os valores éticos e os valores religiosos, nos tempos modernos, tendem sempre mais a harmonizar-se, sem tensões ou conflitos.
C) a convicção profunda de que o mundo natural limita-se a tudo o que existe impede a pessoa de buscar o absoluto e os valores éticos e espirituais.
D) as convicções religiosas e éticas podem ser facilmente harmonizadas nas religiões, como é o caso das discussões acerca do aborto e das uniões homoafetivas.
E) a religião é uma dimensão ilimitável da existência humana, pois mesmo a consciência laica crítica reconhece que a crença religiosa é um modo de dar sentido à vida além das realidades do mundo.
QUESTÃO 14
ENADE 2015: O planejamento não é aplicação de uma técnica. Consiste, antes, no exercício de uma metodologia concebida como pedagogia em contexto.
Por um lado, levados a sério os requisitos do ponto de vista pedagógico no planejamento, aumentam-se as possibilidades de desencadear um processo de reflexão sobre a ação, que não termina na elaboração de um plano.
Evitam-se, com isso, tanto a elaboração de um plano só, sem continuidade, quanto planos que não saem do papel.
Na prática, impede-se que um líder religioso, por exemplo, chegue a uma comunidade religiosa e destrua todo o trabalho de seu antecessor; algo muito mais grave em se tratando do resultado da caminhada de toda a comunidade.
Por outro lado, levados a sério os requisitos do ponto de vista metodológico, evitam-se processos truncados, que comprometem a concatenação dos passos do método e a efetividade do próprio planejamento.
BRIGHENTI, A. Reconstruindo a esperança: como planejar a ação da Igreja
em tempos de mudança. 3 ed. São Paulo: Paulus, 2000 (adaptado).
Com base no texto, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. A responsabilidade do líder religioso implica a tarefa de ajudar a comunidade no planejamento e em sua gestão, o que desencadeia um processo de reflexão na ação e garante sua continuidade, dando-lhe consistência.
PORQUE
II. Se a comunidade atuar de forma planejada, dificultará a intervenção de líderes que possam destruir sua caminhada, impondo-lhe as próprias ideias e agindo em sentido contrário à ética profissional, que exige do líder religioso respeito pela história da comunidade.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
QUESTÃO 15
ENADE 2015: O mundo contemporâneo é marcado pelo desafio do equilíbrio entre desenvolvimento econômico e sustentabilidade planetária. Vários teólogos do século XX se debruçaram sobre o assunto e apontaram pistas para uma renovação da relação entre o ser humano e o restante da Criação, o que pode ser observado nos textos a seguir.
Texto 1
A elaboração de uma ecoteologia comum por parte das várias crenças poderia contribuir para transformar a consciência, as atitudes e criar uma nova práxis em relação à Terra.
WILFRED, F. Para uma ecoteologia interreligiosa. Concilium, v. 3, n. 331, 2009 (adaptado).
Texto 2
Para resistir, hoje, ao cinismo da aniquilação da vida em nosso mundo, precisamos superar a crescente indiferença do coração. A nova mística da vida rompe com essa perplexidade interna, essa frieza de sentimentos ante o sofrimento dos outros e o passar despercebido diante do sofrimento da natureza. Quem começa a amar a vida, a vida em comunhão, certamente resistirá ao assassinato de seres humanos e à exploração da Terra, pondo-se em luta por um futuro comum; orará com olhos abertos e ouvirá os gemidos das criaturas oprimidas.
MOLTMANN, I. Há esperança para a criação ameaçada? Petrópolis: Vozes, 2014 (adaptado).
Considerando os textos apresentados, avalie as afirmações a seguir.
I. As diversas tradições religiosas se esquivam do diálogo quando se aprofundam na busca mística.
II. A mística contemporânea amplia seu âmbito ao integrar o cotidiano e ao abrir-se à vitalidade de toda a Criação.
III. O processo de globalização afasta cada vez mais as diversas tradições religiosas.
IV. O diálogo inter-religioso é propiciado pela busca do bem comum, incluindo-se o bem da própria Terra e de toda a Criação.
V. As preocupações dos líderes religiosos devem restringir-se aos anseios espirituais das suas respectivas comunidades locais.
É correto apenas o que se afirma em
A) I e III.
B) I e V.
C) II e IV.
D) II e V.
E) III e IV.
QUESTÃO 16
ENADE 2015: A especificidade da teologia como sapientia é a relação do ser humano com Deus. Neste modelo, a teologia é percebida mais do que proposições a respeito de Deus ao apontar para um relacionamento com Deus embasado na confiança pessoal.
Durante a Idade Média, com a ascensão da escolástica, a teologia foi concebida como scientia. Os teólogos medievais compuseram as grandes Sumas. A teologia era a disciplina acadêmica que reinava e exercia a hegemonia sobre todas as outras ciências.
Mais recentemente, com o surgimento da teologia da libertação, um novo modelo de teologia emergiu, no qual a orthopraxis torna-se alvo da tarefa teológica.
SAWYER, M. I. Uma introdução à teologia: das questões
preliminares, da vocação e do labor teológico.
São Paulo: Editora Vida, 2009 (adaptado)
Considerando o texto apresentado, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. Teologia como sabedoria, teologia como saber racional e teologia como crítica na perspectiva da práxis são métodos teológicos, dos quais o(a) teólogo(a) deveria apropriar-se.
PORQUE
II. Teologia que perde o contato com a dimensão da espiritualidade pessoal torna-se estéril e acadêmica; quando a teologia menospreza a herança dos grandes sistemas escolásticos, corre o risco de perder a precisão de pensamento e o rigor intelectual, e teologia que perde de vista a missão (teologia pública) é desnecessária.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
QUESTÃO 17
ENADE 2015: O mito é o relato de um acontecimento originário, no qual os deuses agem e cuja finalidade é dar sentido a uma realidade significativa. Ao relatar um acontecimento, o mito situa-se em um lugar e em um tempo e, consequentemente, apresenta-se como uma história.
CROATTO, J. S. As linguagens da experiência religiosa:
lima introdução à fenomenologia da religião.
2 ed. São Paulo: Paulinas, 2004 (adaptado).
Considerando essa definição de mito, analise os seguintes textos bíblicos.
Texto 1
No princípio, criou Deus os céus e a terra. A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre à face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por Sobre as águas. Disse Deus: Haja luz; e houve luz. (Gênesis 1,1-3)
Texto 2
O reino dos céus é também semelhante a um [homem] que negocia e procura boas pérolas; e tendo achado uma pérola de grande valor, vende tudo o que possui e a compra. (Mateus 13,45-46)
Com base na definição de mito apresentada e nas passagens bíblicas transcritas, avalie as afirmações a seguir.
I. O Texto 1 não se enquadra na definição de linguagem mitológica, pois a Bíblia, por ser a palavra de Deus, não emprega essa linguagem.
II. O Texto 1 narra a cosmogonia por meio de uma linguagem religiosa significativa, em vista de dar sentido à vida humana.
III. O Texto 2 transmite ao ser humano angustiado uma realidade significativa, por meio da expressão mitológica “reino dos céus”.
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) II, apenas.
C) I e III, apenas.
D) II e III, apenas.
A) I, II e III.
QUESTÃO 18
ENADE 2015: Os princípios éticos presentes nos universos religiosos moldam comportamentos humanos.
As tradições religiosas são fontes de valores éticos, na medida em que fornecem meios e sinalizam para uma conduta íntegra de seus adeptos. Cada religião, a seu modo, constitui, assim, um aparato ético pautado nos próprios textos sagrados ou em normas instituídas por seus fundadores, conforme a tradição de origem. As tradições religiosas assumem um discurso ético que forma a base de suas ações, inseridas em um ambiente social, que dialoga com assuntos prementes da sociedade,
As transformações ocorridas no seio da sociedade contemporânea desencadearam muitos desafios, como a urbanização desordenada, a massificação dos meios de comunicação, as crises de mercado, o fenômeno da globalização e outros. Tais desafios provocam no ser humano um vazio existencial, deixando-o abandonado, sedento, consumista, efêmero, sem consistência. Assim, as religiões tornam-se espaços onde as pessoas buscam um sentido para a vida.
A partir dessas ideias, conclui-se que, no ponto de aproximação entre tradições religiosas, no que concerne à ética, está
A) a velocidade das transformações ocorridas no seio da sociedade contemporânea, com seus significativos desafios e exigências.
B) o fato de as religiões construírem um aparato ético padronizado, tendo como base os textos considerados sagrados ou as normas instituídas pelas divindades que as originaram.
C) o fato de que as religiões, assumindo um discurso ético com base nas suas tradições religiosas, inserem-se em um ambiente social e oferecem sentido para a existência humana.
D) a busca por proporcionar às pessoas meios para a obtenção da felicidade, cujo sentido está centrado em fazer o bem ao semelhante, desde que este não desrespeite os dogmas de cada crença.
E) a busca por proporcionar, às pessoas, modos de realização pessoal, por meio de atos de caridade, da compreensão da importância de fazer o bem a todos, sem distinção de raça, cor, ou credo, o que é solicitado em cada crença religiosa
QUESTÃO 19
Texto 1
ENADE 2015:A ressurreição supõe o retorno à vida do corpo que morreu, o que a ciência demonstra ser materialmente impossível, sobretudo quando os elementos desse corpo estão, desde há muito, dispersos e absorvidos. A reencarnação é o retorno da alma ou Espírito à vida corporal, mas em um outro corpo novamente formado para ela, e que nada tem de comum com o antigo.
KARDEC, A. O Evangelho segundo o Espiritismo.
Araras: IDE, 2013 (adaptado).
Texto 2
A ressurreição dos mortos (não dos corpos!) de que fala a Bíblia refere-se, portanto, à salvação do ser humano uno e indiviso, e não apenas ao destino de uma metade do homem (eventualmente secundária). A ideia de imortalidade, expressa na Bíblia pelo termo “ressurreição”, refere-se a uma imortalidade da “pessoa”, desse ente uno que é o ser humano.
RATZINGER, I. Introdução ao Cristianismo: preleções sobre o Símbolo
Apostólico. São Paulo: Loyola, 2005 (adaptado).
A partir da leitura dos textos 1 e 2, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. A diferença entre as duas concepções doutrinárias a respeito do pós-morte está relacionada à imortalidade da alma.
PORQUE
II. Enquanto o Texto 1 sustenta a concepção de pessoa ressaltando a alma imortal em detrimento do corpo mortal, o Texto 2 valoriza a unidade indissociável entre corpo e alma, sendo a imortalidade, no pós-morte, considerada em relação à pessoa humana em sua integralidade,
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a 11 é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
QUESTÃO 20
ENADE 2015: Em lugar e em vez da comunidade solidária agregada por representações coletivas (o sonho de Durkheim), surgiu uma rede à maneira de Georg Simmel (1858-1918), difusa e desprovida de centro, conectada por afiliações genéricas, multidirecional e abstrata. A religião não se enfraqueceu como força social. Pelo contrário: parece ter-se reforçado no período recente. Mas mudou — e muda cada vez mais — de forma.
GEERTZ, C. O Futuro das religiões. Disponível em: cuvwafolha uol com.br.
Acesso em: 30 jul. 2015 (adaptado).
A partir das informações do texto, avalie as afirmações a seguir.
I. A religião não desapareceu com o tempo; mesmo estando sempre presente, assumiu diferentes formas e variações ao longo da história da humanidade.
II. Com o surgimento da ciência, o fenômeno religioso desapareceu e transformou-se em representações coletivas coesas e mais fortes.
III. A compreensão do fenômeno religioso demonstra que as transformações da Sociedade ocasionam reformulações nas religiões.
IV. As análises sociológicas da religiosidade confirmam o fim das religiões devido ao desencantamento do mundo pelo processo racional.
É correto apenas o que se afirma em
A) I e III.
B) I e IV.
C) II e IV.
D) I, II e III.
E) II, III e IV.
QUESTÃO 21
ENADE 2015: As fontes da religião, por um lado, são problemas da Vida como anseios religiosos e, por outro, revelações de um poder transcendente. A religião baseia-se em necessidades. O homem indaga pelo “para quê” de sua existência passageira e de tudo que faz e sofre. Não encontra sentido nas coisas transitórias. Em geral, não se satisfaz com categorias como acaso, risco ou destino para interpretar experiências mais importantes. Alimenta a esperança no sentido transcendente para sua vida cotidiana.
ZILES, U. Situação atual da filosofia da religião.
Teocomunicação, v. 36, n. 151, 2006 (adaptado).
De acordo com o exposto, a religião relaciona-se com à ideia de dar sentido à vida. Nessa perspectiva, a relação do ser humano com o Sagrado ou o Absoluto é importante porque as pessoas
- De acordo com o exposto, a religião relaciona-se com à ideia de dar sentido à vida. Nessa perspectiva, a relação do ser humano com o Sagrado ou o Absoluto é importante porque as pessoas
A) somente encontram sentido na vida ao se tornarem membros de uma religião e seguirem rigorosamente suas doutrinas sobre fé.
B) vivem individualmente seus dramas e sofrimentos e sua relação com o Sagrado lhes dá um sentido, suprindo a necessidade de uma vida exterior ou coletiva.
C) descobrem o sentido dos acasos e sofrimentos da vida concreta, conseguindo resolver as questões referentes à sua finitude e às suas necessidades por meio da sacralização interior.
D) passam a ignorar os problemas da vida cotidiana por saberem-se seres transitórios, buscando apenas uma vida contemplativa e aguardando as revelações do poder transcendente.
E) tomam consciência de uma realidade que transcende a elas e a tudo que é finito, considerando que até a vida cotidiana faz parte de um todo ao qual se submetem pelo sentido que encontram no infinito.
QUESTÃO 22
ENADE 2015: O meio ambiente, os direitos humanos e a ética são problemas urgentes do mundo contemporâneo. Eles deram origem a uma série de reflexões que procuram seu lugar na academia por meio dos temas da ecologia, dos direitos humanos e da bioética, sem que se devam constituir em disciplinas do conhecimento, mas, mantendo sua dimensão problemática, permitam ser abordados de maneira interdisciplinar.
Hoje, a fundamentação argumentativa dos direitos humanos não pode, nem deve, dar passagem à nova racionalidade ideológica e socioeconômica que centra sua absolutez no mercado, e não na vida, às custas dos fracos argumentos políticos, das fracas democracias contemporâneas, pois o mercado parece estar tirando-lhes espaço.
Para esta nova lógica da oferta e da procura, o valor se enraíza na intercambialidade, na possibilidade de atribuir um valor, que não radica na essência, nem em sua finalidade ou uso. Esta contingência da realidade exige, pelos direitos humanos, uma volta ao sujeito. A pretensão de propor uma fundamentação teológica dos direitos humanos não é uma intromissão no mundo jurídico nem no mundo da política internacional.
Os direitos humanos reclamam por si mesmos a compreensão do horizonte teológico, não porque eles tenham de teologizar-se ou converter-se em categorias teológicas, mas porque se convertem em locus teológico, ou seja, lugar de onde podem ser compreendidos perante o sujeito que está em constante busca de concretizar a proposta do reino de Deus.
CORREDOR, D. E. Fundamentação teológica dos direitos humanos.
Cadernos de Teologia Pública. Ano 2. n. 15. 2005 (adaptado).
Com base no texto, no que diz respeito à inserção do teólogo em espaços públicos e privados de discussão interdisciplinar, assinale a opção correta.
A) O teólogo, cujo discurso se pauta no sobrenatural, não deve extrapolar o horizonte do seu discurso em discussões sobre direitos humanos.
B) O fato de não ser veiculado nos meios de telecomunicação, em razão dos autos custos de transmissão, leva o discurso teológico dos direitos humanos a ser desconsiderado.
C) A participação do teólogo em discussões sobre direitos humanos, entre outras que são fundamentais, atualmente, não pode ser vista como uma ingerência, devendo, ao contrário, ser considerada colaboração.
D) A grande maioria da população é controlada pelo que dizem os meios de comunicação de massa, razão pela qual a teologia e os direitos humanos perdem cada vez mais espaço na sociedade atual
E) O fato de não ser possível comprovar os argumentos teológicos torna um contrassenso considerar a participação de teólogos em discussões sobre direitos humanos.
QUESTÃO 23
ENADE 2015: Em decorrência da decretação de estado de calamidade pública por conta das chuvas, várias pessoas da sociedade se mobilizam para prestar socorro e ajuda às pessoas atingidas pelas cheias.
Uma comunidade religiosa foi convidada a unir esforços com outras comunidades nessa mobilização. Entretanto, resiste a colaborar, pois não se sente à vontade para trabalhar em conjunto com pessoas de outras crenças.
A comunidade solicita que seu líder religioso se pronuncie contra ou a favor da união de esforços com outras comunidades no socorro e na ajuda às pessoas atingidas pelas cheias.
Considerando essa situação hipotética e os princípios teológicos que evidenciam a relevância social da religião, avalie os seguintes argumentos que poderão ser utilizados pelo líder religioso.
I. A comunidade deve trabalhar em conjunto com pessoas de outras crenças religiosas, porque o mandamento do amor está acima dos costumes e normas internas da comunidade.
II. A comunidade deve trabalhar em conjunto com pessoas de outras crenças religiosas; por causa deste gesto, Deus abençoará a comunidade.
III. A comunidade deve trabalhar em conjunto com pessoas de outras crenças religiosas, porque os fiéis são protegidos por Deus; nenhuma maldade os atingirá.
IV. A comunidade deve trabalhar em conjunto com pessoas de outras crenças religiosas, porque a promoção da vida humana é um princípio religioso fundamental.
Os argumentos teológicos que evidenciam a relevância social da religião são
A) I e II, apenas.
B) I e IV, apenas.
C) II e III, apenas.
D) III e IV, apenas.
E) I, II, III e IV.
QUESTÃO 24
ENADE 2015: Ultimamente, a leitura bíblica orante, além do estudo histórico e literário, está sendo promovida em nível comunitário. O escutar em comunidade valoriza ainda mais a Palavra, faz com que ela saia da posse pessoal.
A lectio se torna proclamação, a meditatio toma a forma de confronto consciente com a realidade em que vivemos, inclusive a realidade coletiva, política, cultural. A oratio torna-se expressão daquilo que à comunidade coloca diante de Deus (e diante dos outros).
Então, a contemplatio não será apenas um momento de minha alma com Deus, mas de presença de Deus junto a seu povo.
KONINGS, . Por uma pastoral inteiramente biblica. fn: FERNANDES, L A.
etal (Orgs). Exegese, teologia e pastoral: relações, tensões e desafios.
Santo André: Academia Cristã, 2015 (adaptado).
No texto acima, destacam-se aspectos mais abrangentes para uma pastoral bíblica. Nessa perspectiva, além da leitura e do estudo da Bíblia, consideram-se características principais de uma pastoral bíblica
A) a organização das atividades litúrgicas de modo individual.
B) o fundamentalismo cristão, a tolerância entre os cristãos e a expressão de fé.
C) a escuta comunitária, o confronto com a realidade, a oração e a contemplação.
D) o isolamento pessoal, a oração e o jejum para uma maior proximidade com Deus.
E) a valorização da tradição, a hermenêutica e o isolamento para favorecer a meditação.
QUESTÃO 25
Texto 1
ENADE 2015: Não podemos escapar aos mitos. O nosso problema consiste em reconhecer, nos mitos, a realidade deles, e não reconhecer a verdade. Consiste em não colocar neles o absoluto, em ver a força de ilusão que eles segregam.
Não podemos escapar aos mitos, mas nós podemos reconhecer a sua natureza de mito e manter contato com eles, ao mesmo tempo, de dentro e de fora. Sei que não existe um ponto de vista depurado de todo mito ou crença.
O ateu deve descobrir sua crença, seu fundamento irracionalizável, e relacionar-se com ela. Assim, nós, neoateus, podemos pedir aos crentes que se tornem neocrentes, isto é, que estabeleçam uma nova relação com seu(s) Deus(es).
MORIN, E. Para Sair do Século XX. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986 (adaptado).
Texto 2
Uma fé que entende seus símbolos literalmente é idolatria.
TILLICH, P. Dinâmica da Fé. São Leopoldo: Sinodal, 1985 (adaptado).
Texto 3
Se vires o Buda, mata-o.
BORGES, P. *Se vires o Buda, mata-o": ensaio sobre a essência do
Budismo. Revista Portuguesa da História, n. 40, 2009.
Considerando a relação entre os três textos, no que se refere à consciência crítica a respeito da “transcendência”, avalie as afirmações a seguir.
I. A fórmula tradicional zen-budista coincide com a proposição tillichiana de que a positivação acrítica dos conteúdos doutrinários, sem a consideração de sua condição mítico-simbólica, constituiria idolatria: o Buda “encontrado” corresponderia, portanto, à doutrina teológica tratada como não simbólica.
II. Nos termos da declaração de Edgar Morin, seria possível dizer que aquele que reconhece que o conteúdo da fé possui caráter simbólico, logo, histórico-cultural, já compreendeu o estatuto epistemológico dos conteúdos teológicos e, nesse sentido, deu um passo “moriniano” na direção de “uma nova relação com seu(s) Deus(es)”.
III. “Matar o Buda” não significa apostatar da fé em Buda. Pelo contrário, significa preservar o Buda da contaminação idolátrica. Nesse sentido, o Buda está sempre além. Nunca é posse positiva da fé, mas sempre anseio psicológico daquele que nele é crente. O modelo constitui um adequado exemplo da proposta de Morin.
IV. A “nova relação” do crente com seu(s) Deus(es) consiste no reconhecimento de que, em termos antropológicos, a fé desdobra-se sobre conteúdo mítico, que, se não se pode dele fugir, se pode tratar como o que é. Nesse sentido, o crente não abriria mão da fé, mas da sua relação acrítica com seus conteúdos.
V. As declarações são irreconciliáveis, porque, dada a discrepância de pressupostos, o pensamento crítico de um necateu não encontra condições epistemológicas para diálogo com teólogos e tradições teológicas, de sorte que uma “nova relação com seu(s) Deus(es)” constituiria, no fundo, uma proposta de neo-apostasia.
É correto apenas o qe se afirma em
A) I e III.
B) I, II e V.
C) II, IV e V.
D) III, IV e V.
E) I, II, III e IV.
QUESTÃO 26
ENADE 2015: Enfim, Jó abriu a boca e amaldiçoou o dia do seu nascimento. Jó tomou a palavra e disse: Pereça o dia que me viu nascer, a noite que disse: “Um menino foi concebido!"
Esse dia, que se torne trevas, que Deus do alto não se ocupe dele, que sobre ele não brilhe a luz! Por que não morri ao deixar o ventre materno, ou pereci ao sair das entranhas? Por que me recebeu um regaço e seios me deram de mamar?
Sucede-me o que mais temia, o que mais me aterrava acontece-me. Para mim, nem tranquilidade, nem paz, nem repouso: nada além de tormento! (Jó 3,1-4.11-12.25-26)
Biblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2004.
O Livro de Jó situa-se no contexto de transmissão da mensagem divina por meio da sabedoria popular. A literatura sapiencial presente no Antigo Testamento se esforça por elucidar os grandes conflitos da existência humana. O fragmento acima nos revela que
A) o sofrimento de Jó é compreendido como passagem necessária à felicidade.
B) o desespero de Jó diante do sofrimento, o leva a questionar o sentido de sua vida.
C) o nascimento de Jó é compreendido como causa de sofrimento e desespero.
D) o tormento de Jó diante da morte iminente deu-se por causa do sofrimento.
E) o temor de Jó é compreendido como causa da perda do sentido da vida.
QUESTÃO 27
ENADE 2015: Grande é o poder da memória, um não sei quê de horrendo, é meu Deus, uma profunda e infinita multiplicidade; e isto é o espírito, isto sou eu mesmo. Que sou eu então, meu Deus? Que natureza sou?
Uma vida multiforme, multimoda e extraordinariamente ampla. Percorro todas essas coisas, esvoaço por aqui e por ali, e também entro nela até ao fundo quanto posso, e em parte alguma está o limite: tão grande é o poder da memória, tão grande é o poder da vida no homem que vive mortalmente!
Que farei, pois, ó meu Deus, tu minha verdadeira vida? Irei também além desta minha força que se chama memória, irei além dela a fim de chegar até ti, minha doce luz.
Que me dizes? Irei além da memória para te encontrar, ó verdadeiro bem, ó suavidade segura, para te encontrar? Se te encontrar fora da minha memória, estou esquecido de ti. E, se não estou lembrado de ti, como é que te encontrarei?
AGOSTINHO. Confissões. Petrópolis: Vozes, 2011 (adaptado).
A partir do exposto no texto acima, avalie as afirmações a seguir.
A partir do exposto no texto acima, avalie as afirmações a seguir.
I. Os questionamentos sobre a própria existência, “que sou eu então, meu Deus?” “Que natureza sou?”, não fariam o autor transcender a própria natureza e, consequentemente, ele não encontraria a Deus.
II. A memória poderia ser considerada como um percurso de aproximação e distanciamento na busca pelo sagrado.
III. O movimento de interioridade levaria o autor a transcender a si mesmo em busca do sagrado (Deus).
É correto o que se afirma em
A) I, apenas.
B) III, apenas.
C) I e II, apenas.
D) II e III, apenas.
E) I, II e III.
QUESTÃO 28
ENADE 2015: Ouçam bem o que eu, Paulo, lhes digo: caso se deixem circuncidar, Cristo de nada lhes servirá. De novo declaro a todo homem que se deixa circuncidar que está obrigado a cumprir toda a lei.
Vocês, que procuram ser justificados pela lei, separaram-se de Cristo; cairam da graça. Pois é mediante o Espírito que nós aguardamos pela fé a justiça que é a nossa esperança.
Porque em Cristo Jesus nem circuncisão nem incircuncisão têm efeito algum, mas sim a fé que atua pelo amor. (Gálatas 5,2-6)
Bíblia sagrada: Nova Versão Internacional. Traduzido pela comissão de tradução
da sociedade Biblica Internacional. São Paulo: Editora Vida, 2000.
A narrativa apresentada foi extraída de uma carta atribuída ao apóstolo Paulo, enviada a uma igreja fundada por ele na cidade da Galácia. A Carta aos Gálatas teria sido escrita na década de 50 do século | e integra o Novo Testamento, uma das partes constitutivas da Bíblia, livro sagrado para os cristãos.
Tendo em vista a narrativa apresentada e as reflexões próprias da História da Teologia e História das Religiões, avalie as afirmações a seguir.
I. Nas primeiras décadas da era cristã ocorreu uma acentuada tensão teológica entre judeus convertidos ao cristianismo e gentios convertidos ao cristianismo, pois os primeiros exigiam que os segundos seguissem as leis religiosas dos judeus, como a prática da circuncisão.
II. A prática da circuncisão era um importante elemento da cultura judaica, que os primeiros líderes cristãos, entre eles o apóstolo Paulo, aboliram entre os judeus convertidos ao cristianismo,
III. Um dos principais conceitos da teologia paulina é a justificação pela fé, concepção que afirmava a salvação somente em Jesus Cristo e excluía a necessidade dos gentios convertidos ao cristianismo de submeterem-se aos ritos da lei.
IV. O cristianismo conseguiu desenvolver-se sem a presença de elementos culturais e religiosos do judaísmo e de outros grupos étnicos, o que denota a sua singularidade frente às demais tradições religiosas.
É correto apenas o que se afirma em
A) I e III.
B) I e IV.
C) II e IV.
D) I, II e III.
E) II, III e IV.
QUESTÃO 29
ENADE 2015: Historicamente, o tema central da teologia gira em torno da figura de Deus. Contudo, o ponto de partida da reflexão teológica é a existência histórica, concreta, e, às vezes, trágica, do ser humano que pensa.
Uma teologia que abandona decididamente a mentalidade confessionalista de gueto, ainda bastante difundida, é capaz de unir uma ampla tolerância do extraeclesial, do religioso e do simplesmente humano com a reflexão sobre o especificamente cristão.
Desta forma, ao se falar de teologia, precisamos encarar a tarefa a partir de óticas múltiplas, dando valor aos pontos de vista de outras ciências. Falar de reconstrução, de contextualização e de óticas múltiplas implica fazer perguntas ao cristianismo que se crê, que se professa e defende.
KUNG, H. Teologia para la postmodernidad.
Madrid: Alianza Editorial, 1989 (adaptado).
A partir do texto, que discorre acerca da historicidade da teologia, assinale a opção correta.
A) As nuances teológicas enfatizam o humano pensante em detrimento da fé cristã.
B) A teologia trabalhada sob uma ótica científica assegura respostas sobre o sentido da vida
C) A síntese histórica da teologia apresentada evidencia a figura humana a partir de uma única ótica.
D) O ser humano, como ser pensante e aberto a óticas múltiplas, é capaz de reconstruir sua fé e refletir suas ações.
E) A teologia cristã é ciência completa, capaz de responder aos anseios humanos.
QUESTÃO 30
ENADE 2015: Antigamente, a natureza parecia fornecer-nos indefinidamente os recursos mais básicos para viver. Hoje somos nós que devemos protegê-la. A manutenção dos grandes equilíbrios ecológicos, a sobrevivência das espécies ameaçadas, a regeneração do ar e da água dependem, doravante, de políticas conscientemente refletidas, decididas e operacionalizadas.
Tudo o que, no quadro das grandes sociedades tradicionais, parecia constituir a base intocável da existência da humanidade lhe é dado hoje por tarefa; o futuro do planeta, a sobrevivência da espécie, as formas sociais da realização da diferença sexual, por exemplo, dependem doravante de decisões refletidas da comunidade humana.
GAGEY, H. A igreja diante da crise antropológica contemporânea:
o que fazer. Perspectiva Teológica, v. 46, n. 129, 2014 (adaptado).
Com base nesse contexto, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. O ser humano, por meio de uma nova consciência e atitudes éticas, ao valorizar a vida, pode transformar o que existe em prol do humano e restabelecer naturalmente o mundo.
PORQUE
II. A superação do antropocentrismo, motivado por convenções sociais anteriores, exige do indivíduo um engajamento em defesa da existência e da permanência do ecossistema diante dos problemas existentes e o exercício do cuidado regenerador das relações de cada ser.
A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a 11 é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
QUESTÃO 31
ENADE 2015: Em 2017, cristãos luteranos e católicos comemorarão, conjuntamente, o quinto centenário do início da Reforma. Hoje, entre luteranos e católicos, está crescendo a compreensão, a colaboração e o respeito recíprocos.
Uns e outros, juntos, reconhecem que o que os une é maior do que aquilo que os divide: primeiramente a fé comum no Deus uno e trino e a revelação em Jesus Cristo, como também o reconhecimento das verdades fundamentais da doutrina da justificação. A verdadeira unidade da Igreja só pode existir como unidade na verdade do Evangelho de Jesus Cristo.
A luta por esta verdade, que culminou, no século XVI, na perda da unidade no cristianismo do Ocidente, pertence às páginas obscuras da história da Igreja. O iminente ano 2017 solicita a católicos e luteranos a confrontar-se no diálogo sobre os problemas e as consequências da Reforma de Wittenberg, centrada na pessoa e no pensamento de Martinho Lutero, e a elaborar perspectivas para a recordação da Reforma e o modo de vivê-la hoje. O programa reformador de Lutero constitui um desafio espiritual e teológico tanto para os católicos quanto para os luteranos do nosso tempo.
COMMISSIONE LUTERANA-CATTOLICA ROMANA SULLUNITA.
Dal confítto alla comunione. Prefácio e n. 1 e 3. Disponível em:
<http://wwyatican va. Acesso em: 13 jul. 2015 (adaptado).
Considerando o texto, avalie asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
I. O princípio evangélico da unidade fundamenta-se nas bases da pluralidade de formas eclesiais, anunciada nos escritos paulinos pelo binômio corpo-membros. Daí resulta oportuno sublinhar a necessidade histórica da Reforma, compreendida como forma de ser a única Igreja de Cristo.
PORQUE
II. A comemoração conjunta da Reforma, entre luteranos e católicos, é um dos resultados do diálogo iniciado formalmente há 50 anos e constitui um passo fundamental rumo à restauração da unidade desfeita em 1517.
A respeito das asserções, assinale a opção correta.
A) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.
B) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa correta da I.
C) A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa.
D) A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira.
E) As asserções I e II são proposições falsas.
QUESTÃO 32
ENADE 2015: No fundamento da teologia da libertação se encontra uma mística: o encontro com o Senhor no pobre, que hoje é toda uma classe de marginalizados e explorados de nossa sociedade caracterizada por um capitalismo dependente, associado e excludente. Uma teologia — qualquer que seja — que não possua, em sua base, uma experiência espiritual é sem fôlego e tagarelice religiosa.
Parte-se da realidade miserável como a descreveram os bispos de Puebla, “como o mais devastador e humilhante flagelo que é a situação de desumana pobreza em que vivem milhões de latino-americanos, vítimas de salários de fome, de desemprego e subemprego, da desnutrição, da mortalidade infantil, da falta de moradia adequada, dos problemas de saúde e de instabilidade no trabalho”.
Quem não se apercebe dessa realidade escandalosa não pode entender o discurso da teologia da libertação. Essa experiência-raiz pode ser trabalhada em dois níveis: um sensível, assim como se mostra à primeira vista aos nossos olhos; outro analítico, como se revela em seus mecanismos estruturais postos à vista mediante a análise científica.
BOFF,L.; BOFF, C. Da Libertação: o teológico das libertações sócio-históricas.
Petrópolis: Vozes, 1982 (adaptado).
A partir do texto, avalie as afirmações a seguir.
I. É tarefa da teologia perceber a enorme miséria na qual incontável número de pessoas vive na América Latina, e tal percepção deve levar à indignação ética e religiosa de forma a mover a ação pastoral em favor das pessoas atingidas pela miséria
II. É tarefa da teologia analisar os mecanismos que causam o estado de miséria de milhões de latino- americanos e de pessoas de outros continentes, articular críticas e mediar ações que levem a mudanças amplas e radicais da realidade.
III. É tarefa da teologia chamar a atenção de simpatizantes dos princípios teológicos para que vejam à miséria reinante e se empenhem para amenizá-la onde seja possível, pois é ilusão pensar que se possam alcançar mudanças amplas na sociedade.
IV. Na perspectiva da teologia da libertação, é urgente uma transformação do sistema capitalista reinante na sociedade, que beneficia uma minoria em detrimento da grande maioria e, para alcançar esse objetivo, é preciso abrir mão da espiritualidade e da experiência religiosa ou mística.
V. Os principais expoentes da teologia da libertação perceberam que os bispos em Puebla exageraram na forma como descreveram a realidade de milhões de latino-americanos, por isso a maioria dos teólogos da libertação nunca aderiu ao discurso desses bispos.
É correto apenas o que se afirma em
A) I e II.
B) II e IV.
C) III, IV e V.
D) I, II, III e V.
E) I, III, IV e V.
QUESTÃO 33
ENADE 2015: A globalização provoca o fenômeno do sincretismo, do relativismo e do nivelamento religioso, com sérias consequências teológicas. A globalização, como definimos, não é simplesmente o fluxo da cultura dominante e massificante, mas também o circular de todo exotismo cultural possível.
E as diferentes religiões lançam no circuito da internet suas expressões religiosas, frequentemente como unidades soltas, descoladas do sistema religioso maior. Cada um capta-as como quer.
LIBANIO, I. E. Globalização e o impacto sobre a fé Disponível em:
<wwucelam.org>.Acesso em: 4 ago. 2015 (adaptado).
Considerando as consequências da globalização para as tradições religiosas, conforme apresentadas no texto, avalie as afirmações a seguir.
I. A globalização permite que se pense a fé como unidade de crenças; por meio da internet, a religião alcança um maior número de crentes, o que favorece uma vinculação eclesial única e nivelada, com dimensões objetivas.
II. A presença simultânea de muitas tradições religiosas na internet implica a relativização das verdades de fé, e, sendo todas as expressões religiosas igualmente verdadeiras em si, cabe a cada um escolher a que melhor responde às suas indagações.
III. A fé cristã é contrária às consequências negativas da globalização, que permitem aos novos sincretismos religiosos ameaçar as tradições.
IV. No contexto atual da globalização, as religiões disponibilizam na internet fragmentos de sua doutrina, o que favorece uma apropriação pessoal, que pode ser caracterizada como sincretismo.
É correto apenas o que se afirma em
A) I e III.
B) II e IV.
C) III e IV.
D) I, II e III.
E) I, II e IV.
QUESTÃO 34
ENADE 2015: A palavra “tolerância” é antes de mais nada, marcada por uma guerra religiosa entre cristãos, ou entre cristãos e não-cristãos. A tolerância é uma virtude cristã ou, por isso mesmo, uma virtude católica. O cristão deve tolerar o não-cristão, porém, ainda mais que isso, o católico deve deixar o protestante existir.
Como hoje sentimos que as reivindicações religiosas estão no coração da violência, recorreremos a essa boa e velha palavra “tolerância”: que muçulmanos concordem em viver com judeus e cristãos, que judeus concordem em viver com muçulmanos, que os crentes concordem em tolerar os “infiéis” ou “descrentes”, A paz seria, assim, a coabitação tolerante.
DERRIDA, I. ln: BORRADORI, G. (Ort). Filosofia em tempo de terror:
diálogos com Habermas e Derrida. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar, 2004 (adaptado).
O termo “tolerância”, conforme apresentado no texto, refere-se
A) à ideia de liberdade de expressão dissociada dos valores cristãos, uma vez que a tolerância sempre foi negada pelos cristãos católicos.
B) à ideia de uma superação definitiva do distanciamento criado pelas barreiras culturais que impediam a boa convivência entre diferentes religiões.
C) à aceitação de uma ideia de ordem que permita administrar entraves culturais e evitar conflitos religiosos através de uma concordância comum, mas não de uma virtude de acolhimento ao outro.
D) ao conceito filosófico que questiona os antagonismos e inquietações religiosas da modernidade, mas que não provocou nenhuma influência sobre as perspectivas de liberdade de credo.
E) à nova forma de acolhimento ao outro, advinda das novas formas de interação da humanidade que surgiram com os avanços tecnológicos e permitiram uma abertura a diferentes crenças.
QUESTÃO 35
Buscando a Deus
Alma, buscar-te-ás em Mim,
E a Mim buscar-me-ás em ti.
De tal sorte pôde o amor,
Alma, em mim te retratar,
Que nenhum sábio pintor
Soubera com tal primor
Tua imagem estampar.
Foste por amor criada,
Bonita e formosa, e assim
Em meu coração pintada,
Se te perderes, minha amada,
Alma, buscar-te-ás em Mim.
Porque sei que te acharás
Em meu peito retratada,
Tão ao vivo debuxada,
Que, em te olhando, folgarás
Vendo-te tão bem pintada.
E se acaso não souberes
Em que lugar me escondi,
Não busques aqui e ali,
Mas, se me encontrar quiseres,
A Mim, buscar-me-ás em ti.
Sim, porque és meu aposento,
És minha casa e morada;
E assim chamo, no momento
Em que de teu pensamento
Encontro a porta cerrada.
Busca-me em ti, não por fora...
Para me achares ali,
Chama-me, que, a qualquer hora,
A ti virei sem demora,
E a Mim buscar-me-ás em ti.
TERESA DE JESUS. Obras Completas.
São Paulo: Loyola, 1995.
ENADE 2015: Hoje, a intensa busca por espiritualidades reforça ainda mais a certeza do natural desejo de transcendência que o ser humano carrega consigo. No contexto das comemorações dos 500 anos do nascimento de Teresa d'Ávila (1515-1582), recordamos um aspecto da herança da teologia espiritual por ela deixada. A poesia acima transcrita sustenta que
A) o encontro consigo mesmo é caminho para a auto-realização.
B) o desencontro com Deus é um convite a buscá-Lo sempre mais.
C) o encontro consigo mesmo favorece o encontro com Deus.
D) o desencontro consigo mesmo é caminho para o encontro com Deus.
E) o encontro com Deus é feito por caminhos para além da interioridade.
![[feature] ENADE 2023 ENADE 2023](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiywFJpK6PlBJFnkaKozZ05wEtNyIzXm3GV0qqgV84NziRx7UIRofpxE-_24Y3jpmlmcQQiTEEO8PvsTNl668gLdVL30WXnrmNiWkQEKGyXYSyATk1N3Ew_U4Ns3XWFQ-ft_6PqiXVaVzj9KZMO85tLE7h7rp0iMzqeTzMCNHUR230SPuUkvecIkYgHywfP/s16000-rw/ENADE2023-INDAGACAO-SITE.jpg)
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